Jucá prevê modelo tributário pós-guerra fiscal

 

02/06/2011 - 19h30

Jucá prevê modelo tributário pós-guerra fiscal 

 

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) contrária à guerra fiscal deve abrir espaço para a elaboração de um novo modelo na relação entre estados e União. A previsão foi feita nesta quinta-feira (2) pelo líder do governo no Senado, senador Romero Jucá (PMDB-RR), autor de um projeto de resolução (PRS 72/10) que zera as alíquotas do ICMS nas operações interestaduais com produtos importados.

Formalmente, o que Jucá pretendia com a proposta, apresentada antes da decisão do STF, era acabar com a possibilidade de um estado atrair empresas por meio da redução de imposto, a essência da guerra fiscal. A nova regra faria valer o dispositivo constitucional que condiciona a concessão de qualquer benefício fiscal à decisão unânime de todos os estados e do Distrito Federal.

Reforma tributária

Na prática, porém, a intenção do líder governista foi deflagrar o debate de uma reforma tributária simplificada. Afinal, a fixação das alíquotas do ICMS depende apenas do Senado, ou seja, não precisa ser aprovada pela Câmara dos Deputados.

A redução das alíquotas do ICMS passou a fazer parte, junto com a desoneração da folha de pagamento das empresas, de uma agenda do governo para melhorar a posição competitiva do país. A perda de competitividade da economia brasileira está expressa no novo ranking internacional - The World Competitiveness Scoreboard -, em que o país despencou do 38º lugar no ano passado para a 44ª posição em 2011.

Antes da decisão do STF contra a guerra fiscal, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, defendeu na Comissão de Assuntos Econômicos a redução gradual das alíquotas do ICMS dos atuais 12% para 2% em 2014.

Dívidas

Como compensação por uma redução das alíquotas do ICMS, os estados poderiam se beneficiar de uma possível troca do indexador das dívidas, hoje IGP-DI, mais 6% a 9%, dependendo do acordo de renegociação feito pela unidade federativa.

[Senador Romero Jucá - Foto: Waldemir Rodrigues / Agência Senado]

 

 

 

 

Como em muitos casos esses encargos ultrapassam 18% ao ano, há uma rebelião de governadores, inclusive dos sintonizados com o Palácio do Planalto, contra os juros altos. Alguns defendem como limite para os pagamentos a taxa Selic, cuja meta para esta ano é 12%. A previsão é que isso daria uma enorme folga nas finanças estaduais e permitiria aos estados a retomada dos investimentos.

Para organizar a discussão, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado prepara audiências públicas sobre reforma tributária e dívidas estaduais. O presidente do colegiado, senador Delcídio Amaral (PT-MS), está acertando com governadores e secretários estaduais de Fazenda, além de técnicos do Tesouro Nacional, a agenda desses debates.

Romero Jucá disse ter grande expectativa quanto a essa discussão. Para ele, a decisão do STF contra a guerra fiscal abre espaço para a construção de "uma solução negociada" com os governadores em favor de um novo pacto federativo, que supere os problemas deixados pela disputa.

Desoneração

O outro pilar da reforma tributária pela competitividade, defendida pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, enfrenta um problema: a desoneração da folha de pagamento das empresas pode gerar uma perda de arrecadação para o governo de até R$ 95 bilhões ao ano.

O próprio ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho, em depoimento à Comissão de Assuntos Sociais (CAS), no mês passado, sugeriu "cautela" quanto à reforma tributária. Afinal, é sua pasta que perderá a maior parte dos R$ 95 bilhões gerados pela contribuição de 20% sobre a folha de pagamento das empresas.

Djalba Lima / Agência Senado
 

 

Notícias

Câmara derruba taxação de transmissão por herança de previdência privada

Derrota dos estados Câmara derruba taxação de transmissão por herança de previdência privada 30 de outubro de 2024, 21h22 A rejeição do Congresso Nacional em dispor no texto da lei sobre a incidência do ITCMD nos planos de VGBL é um bom indicativo de que a pretensão dos estados não deve ser...

Consequências da venda de lote desprovido de registro

Opinião Consequências da venda de lote desprovido de registro Gleydson K. L. Oliveira 28 de outubro de 2024, 9h24 Neste contexto, o Superior Tribunal de Justiça tem posição pacífica de que o contrato de compromisso de compra e venda de imóvel loteado sem o devido registro do loteamento é nulo de...

Juíza reconhece impenhorabilidade de imóvel de família em ação de cobrança

BEM PROTEGIDO Juíza reconhece impenhorabilidade de imóvel de família em ação de cobrança 18 de outubro de 2024, 15h54 No recurso, a embargante argumentou que o imóvel é utilizado como moradia pela sua família, o que o torna impenhorável conforme a Lei 8.009/1990, que protege este tipo de...